quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Prêmio Nobel de Física vai para cientistas que provaram a aceleração da expansão do Universo

Os cientistas norte-americanos Saul Perlmutter, Adam Riess e Brian Schmidt receberam o Nobel de física de 2011 por pesquisas que mostraram como a expansão do Universo está acelerando. Os estudos se basearam na observação da luz de supernovas - explosões que marcam o fim da vida de estrelas com muita massa.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (4) no Instituto Karolinska em Estocolmo, na Suécia. O fato de que o Universo está se expandindo já era conhecido desde a década de 1920. O trio, no entanto, descobriu que essa expansão está acelerando – e não desacelerando, como era anteriormente esperado.

O prêmio:

A história da expansão do Cosmos começou com o trabalho de cientistas como Edwin Hubble - que foi homenageado ao servir de nome para o telescópio. Eles conseguiram mostrar, por meio de observações, que o Universo estava aumentando de tamanho.
Para crescer, o Universo precisa ter energia, que os astrônomos acreditavam vir somente de objetos como nós, as árvores, os planetas e as estrelas. Mas se isso fosse verdade, a gravidade desses materiais iria fazer o Universo ser "brecado". Ainda iria crescer, mas não tão rápido.
Mas os três cientistas escolhidos para receber o Nobel de física de 2011 mostraram, por observações, que o crescimento do Universo não só existe como está sendo acelerado a cada momento.

Expansão acelerada:

Trabalhando separadamente em dois grupos de pesquisa durante os anos 1990 – Perlmutter em um e Schmidt e Riess em outro – os astrônomos traçaram o mapa da expansão do universo por meio da análise de um tipo de supernovas, explosões ocorridas no fim da vida de estrelas com muita.
A análise dos dados colhidos a partir dessas explosões levou o trio a concluir que a aceleração existe. Uma das explicações para esse crescimento é a existência da energia e da matéria escura. Ambas são diferentes da matéria visível, a que nos cerca no dia a dia.
Eles descobriram que a luz emitida por mais de 50 supernovas distantes era mais fraca que o esperado, um sinal de que o universo estava se expandindo a uma taxa acelerada.
"Por quase um século já se sabia que o universo está se expandindo por consequência do Big Bang, há cerca de 14 bilhões de anos”, disse um dos membros do comitê durante o anúncio do prêmio. "No entanto, a descoberta de que essa expansão está se acelerando é espantosa. Se a expansão vai continuar a acelerar o universo acabará em gelo". Acredita-se que a aceleração seja impulsionada pela energia escura, um dos grandes mistérios do universo.
Os astrônomos estimam que a energia escura – uma espécie de gravidade às avessas, repelindo a matéria que dela se aproxima – responde por cerca de três quartos do universo. Segundo os astrônomos, somente 4% do Universo deve ser feito de átomos como os que estão nos humanos, nos animais e nas estrelas o restante é composto por matéria escura (23%).


De acordo com a academia sueca, os três pesquisadores foram pegos de surpresa pela descoberta. Eles esperavam encontrar como resultado de seus estudos que a expansão do universo estava desacelerando. Mas as duas equipes chegaram justamente à conclusão de que as galáxias distantes estavam se afastando a uma velocidade cada vez maior.
"Acabamos contando ao mundo que temos esse resultado maluco, que o universo está se acelerando", disse Schmidt em entrevista coletiva telefônica depois do anúncio do prêmio em Estocolmo. "Parecia maluco demais para ser correto, e acho que ficamos um pouco assustados."
Os trabalhos do trio norte-americano ainda estão em pleno acordo com as previsões feitas por Albert Einstein ao demonstrar a teoria da relatividade geral. Elas poderão salvar, inclusive, uma parte da pesquisa do físico alemão que era tida como um erro até mesmo pelo próprio Einstein: a constante cosmológica, um recurso usado pelo cientista para tentar salvar a ideia.
Antes de morrer, em 1955, Einstein reconheceu a constante cosmológica como um erro. Ele também admitiu que o Universo, de fato, estava se expandindo.
Agora, em 2011, o Nobel reconhece três cientistas que podem usar a constante cosmológica para provar o aumento do Universo. Diferente da ideia inicial de Einstein, mas salvando um conceito que era tido como errado há mais de meio século.

Perlmutter, Schmidt e Adam Riess

Perlmutter, nascido em 1959 nos Estados Unidos, coordena o Projeto Cosmológico Supernova, na Universidade de Berkeley.
Seu colega Schmidt, nascido também nos Estados Unidos em 1967 e com nacionalidade australiana, é professor da Universidade Nacional da Austrália.
O terceiro premiado nascido em Washington, em 1969, é professor de astronomia e física em Baltimore (EUA).

Veja a lista dos últimos premiados pelo Nobel de Física:

- 2011: Saul Perlmutter e Adam Riess (Estados Unidos) e Brian Schmidt (Austrália/Estados Unidos);
- 2010: Andre Geim (Países-Baixos), Konstantin Novoselov (Rússia/Grã-Bretanha);
- 2009: Charles Kao (Estados Unidos/Grã-Bretanha), Willard Boyle (Estados Unidos/Canadá), George Smith (Estados Unidos);
- 2008: Yoichiro Nambu (Estados Unidos), Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa (Japão);
- 2007: Albert Fert (França) e Peter Grünberg (Alemanha);
- 2006: John C. Mather (Estados Unidos) e George F. Smoot (Estados Unidos);
- 2005: Roy J. Glauber (Estados Unidos), John L. Hall (Estados Unidos) e Theodor W. Hänsch (Alemanha);
- 2004: David J. Gross, H. David Politzer e Frank Wilczek (Estados Unidos);
- 2003: Alexei A. Abrikosov (Rússia/Estados Unidos), Vitaly Ginzburg (Rússia) e Antony J. Leggett (Grã-Bretanha/Estados Unidos);

- 2002: Raymond Davis Jr (Estados Unidos), Masatoshi Koshiba (Japão), e Riccardo Giacconi (Estados Unidos).


+ sobre Matéria e Energia escura

Fontes: G1 e IG

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